A dura realidade da subvivência da plebe
Na mais profunda escuridão da noite mais escura
A mesma que dá à luz ao alvorecer
Na alvorada que cobre a noite e traz o amanhecer
Dissipando a névoa e as sombras das trevas
Flagro-me já desperto
Com os olhos cerrados, sem ver
Ou entreabertos, sem querer ver
Ou vendo sem crer
Que o dia já desponta
E a luz do sol já as sombras da noite afugenteu
Sim, é já o amanhecer
Para uns amanheceu
O sol que ontem desceu,
Que consigo trouxe as trevas, afinal não morreu!
Eis que renasceu
Se morto, reviveu
Sobre o miserável já irradia, mas do abastado se esqueceu
Sim, se esqueceu
Já de pé rumo à labuta
Enquanto ainda há quem desfruta
Da maciez e da suavidade do seu leito
Caminha o plebeu, com um largo ronco no ventre
Que o atormenta, a ele, e também a quem o escuta
E assim passa os seus dias o plebeu
Ou não será que vê os seus dias passarem?
Num teatro, num faz de conta
Com um esquelético salário que não paga as contas
Sim, faz ele de conta,
Faz o plebeu de conta que vive, mas sobrevive
Ou não viverá uma subvida
E por isso subvive?