Lamento

Lamento/ é a realidade nas comunmidades do nosso querido RJ.

Está vendo aquele morro moço

Onde o tiro de qualquer arma se faz presente?

É o mesmo morro onde dou graças a Deus

Por eu ter uma cama e um teto,

Que me cobre da chuva e do sol quente.

É o mesmo morro onde vejo crianças,

Brincando de futuro

Enquanto seus pais lutam em busca de pão.

É o mesmo morro onde políticos,

Sobem, sorriem e abraçam,

Fazem promessas e depois disfarçam.

É o mesmo morro onde vejo o ser humano

Querer a cada dia mais humano ser,

Enquanto muitos desistem até de viver.

Está ouvindo este lamento moço?

É um lamento maternal.

É mais uma mãe que perdeu o filho.

Talvez de bala perdida

Ou foi “confundido” com um marginal.

Está ouvindo este batucado moço?

É mais um bloco nascendo.

São pessoas que trabalham dias corridos,

Dão graças a Deus pelo abrigo

E conseguem mostrar sorrisos.

Olha nos meus olhos moço

E sinta o reflexo de gratidão, beleza, sofrimento

E da arte de saber viver.

Quando passar perto de mim

Não será preciso fingir não me ver.

Agora você já me conhece,

Talvez até lembre-se de mim, na hora da sua prece.

Só não fecha os olhos

Para não ver quem de algo carece.

Débora Moreno ( poema do livro sapatos do tempo de Debora Moreno)

Debora Moreno Contadora de histórias
Enviado por Debora Moreno Contadora de histórias em 22/01/2017
Código do texto: T5889801
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