Lamento
Lamento/ é a realidade nas comunmidades do nosso querido RJ.
Está vendo aquele morro moço
Onde o tiro de qualquer arma se faz presente?
É o mesmo morro onde dou graças a Deus
Por eu ter uma cama e um teto,
Que me cobre da chuva e do sol quente.
É o mesmo morro onde vejo crianças,
Brincando de futuro
Enquanto seus pais lutam em busca de pão.
É o mesmo morro onde políticos,
Sobem, sorriem e abraçam,
Fazem promessas e depois disfarçam.
É o mesmo morro onde vejo o ser humano
Querer a cada dia mais humano ser,
Enquanto muitos desistem até de viver.
Está ouvindo este lamento moço?
É um lamento maternal.
É mais uma mãe que perdeu o filho.
Talvez de bala perdida
Ou foi “confundido” com um marginal.
Está ouvindo este batucado moço?
É mais um bloco nascendo.
São pessoas que trabalham dias corridos,
Dão graças a Deus pelo abrigo
E conseguem mostrar sorrisos.
Olha nos meus olhos moço
E sinta o reflexo de gratidão, beleza, sofrimento
E da arte de saber viver.
Quando passar perto de mim
Não será preciso fingir não me ver.
Agora você já me conhece,
Talvez até lembre-se de mim, na hora da sua prece.
Só não fecha os olhos
Para não ver quem de algo carece.
Débora Moreno ( poema do livro sapatos do tempo de Debora Moreno)