Presos na gaiola
A gente que sumiu ou morreu
É gente como a gente
Mas ficou esquecida nos jornais
De quase trinta anos atrás
Se eu lutar pela poesia que sinto
Desaparecerei na noite?
Sumiria no vazio profundo da escuridão
Pela moral e bons costumes
Do tão falado bom cidadão
Opinião é coisa engraçada
E que não vale a pena debater
Eu fico no meu canto calada
Prefiro isso do que me meter...
Tem gente que não entende
De saudade
Ou da tristeza de não saber
Mas se é todo mundo gente como a gente
Para que fazer nosso igual sofrer?
Devolve pátria mãe
O filho pródigo engolido
Mas devolve bem cuspido
Que é para doer
Somos mesmo é como pequenos
(E pobres) passarinhos
Presos na gaiola da ignorância
Piando sofrido
Acharão que é canto bonito
Vão admirar sem entender
É triste ser assim tão doído
O povo vencido só tende a perder...