Repara o moço
Largado ao desgosto
Faminto do pertencer
Famigerado medo
Ninguém... ser!
A sina do miserável
Viver no gueto
Feito bicho sem dono
Vida Graciliano
Marca do abandono
De um regime democrático
Onde todos são des (iguais)
Perante o preconceito
[...País tropical
Abençoado por Deus
Povo varonil
Governo do gentil...]
Longe desta fábula
Veja na cidade e no sertão!
Nas avenidas e becos
Desfalecido espectro
Consta menos um
Que nunca foi lembrado
Por seu ato valoroso
De viver humilhado
A cidade limpa
Transeuntes felizes
O governo proclama
Acabou-se a miséria!
Bolsas que amarram
No poço o iletrado
Este pobre coitado
Que se vê obrigado
A votar no senhor doutor
Político dos bons!!!
Cuida de manter afastado
O homem de seu legado
Ser igual em condições
E não viver condenado.
O moço da calçada
Não entendia... quase nada
Mas sabia o quanto sofreu...
Estendido na avenida
Vitrine em decomposição
Restos de uma sociedade
Muro de lamentações
Aguarda redenção