No prego e sem prego

Para onde marcha o trabalhador?

Faltam pedidos, faltam peças.

Na rotina diária, tudo está parado.

Hora de folga, não está no prego.

Tira do corpo sua blusa azul,

suas mãos e seus pés sentem

o desconforto do intenso calor.

Suado, mas com sorriso úmido.

Veste de novo a roupa de casa.

Sai da fábrica e pisa firme, mas

em que direção caminhar, se vive

no prego e sem crédito na praça.

Confuso rosto confunde o fim de tarde.

Desce uma ladeira deserta, sem opção.

Pálido, pensa que além de sem prego,

sem peça, está também sem ocupação.

(Poema publicado no livro Refúgio da Madrugada)

Editora PENALUX 2016