Adjetivos
Sai sem rumo por uma estrada sem luz.
Caminha a passos de tartaruga, com medo do final.
A tempestade está ao seu redor; trovejada.
O céu tremula em revoada...
Continua sempre reto sem curvas.
Se é destino não se saberá nunca.
Seu pesar é turvo!
Não há lágrimas, só desespero.
Como ovelha, não berra; vai ao sacrifício.
Não é sonho, é pesadelo.
Não é ficção, nem filme, é o fim do grito.
Olha para todos os lados e não vê parede.
Ninguém pode lhe salvar!
Está como cardume de peixe em rede.
Subitamente faz sua retrospectiva...
Não deu ouvido aos conselhos.
Quer pedir perdão, mas não há mais tempo.
Como gado, vai ao abate sem piedade.
Nesse caso, não há mais consciência.
Teve o mundo aos seus pés, e, agora, só.
Viveu do sonho a realidade e, a experiência.
Agora, nem sol, nem chuva, nem estação.
Chegou a hora mais temível do ignorante.
O caminhante, mal sabe ele, que não tem volta.
Construiu um mundo destruidor, dominante.
O dominador é dominado dentro de si mesmo.
Não tem mais estrela, nem céu, nem Deus.
Sua vida teve tudo e sua morte não tem adjetivos.