A MULHER QUE SE PERDEU

Eu sou apenas uma pequena gota

Num mar profundo e denso

De histórias ainda mais escuras

Da tal maldade que somos propensos

Ficar buscando melhoras no tempo

De janeiro a dezembro - De costa a costa

Com o filho nas costas

Não podendo chorar...

Ela veio de tão longe

na pele as marcas

Por onde ela passa

ninguém quer passar.

Eu fico calado

Não sou delicado,

Não sei do que vejo

Não consigo mesmo me comunicar.

Nós caminhamos, mesmo distantes

O destino é o mesmo, vão lhe judiar...

A vida é pequena, dor só aumenta

Os dias são longos, mas logo vão passar...

Pelas ruas, as pessoas falam

Do seu cabelo e do seu andar

Apontam defeitos, caçoam do jeito

Que ela se veste e do modo de falar.

Assim como os outros, fui fraco e fui tolo

Senti que era melhor e passei a não notar

Aquela moça foi se perdendo

Até um dia não mais se encontrar...

Era uma vida como qualquer outra

Mas ninguém perdoa quem quer melhorar

O sangue espirra e todos se suja,

Mas é mais fácil apenas lavar.

Rosa de Almeida
Enviado por Rosa de Almeida em 26/12/2016
Reeditado em 03/02/2021
Código do texto: T5863950
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