Invisível ser humano
O homem invisível não acha seu amor
Vinte e dois anos juntos
Moraram em quatro praças da capital
Um dia sumiu, faleceu
Procurou, tentou, IML visitou
Não foi permitido reconhecer o corpo
...Não existe o sem teto
Morador de rua, sem endereço
...O Estado não permite
Estes cidadãos não existem
As famílias os perderam
Os amigos esqueceram
Mas, ocupam os espaços
Moram nas ruas
...São invisíveis para nação
Não são cidadãos
Não tem sentimento, dignidade
Não pagam impostos
Não pagam nada, não tem nada
...Não tem direito
Será que não tenho direito de reconhecer o corpo de minha mulher?
Como é difícil perder minha companheira, perder o amor da gente!
Gente eu preciso ver, reconhecer
Meus pés incharam de tanto andar, por seis meses procuro
E não permitiram vê-la, foi enterrada como indigente!
... Hoje onde piso é meu chão
Amanhã será o meu teto, ai então, poderei ser gente!