FIM DE UM POETA
Escrever. Escrever e morrer, quem sabe!
O último suspiro de vida suspirar,
Caminhar, depois, o espírito errante pelo vale,
E no desconhecido caminho lamentar.
Lamentar os desdouros dessa vida ingrata,
Murmurar palavras de quando inda vivo,
Espantar os demônios que jazem na mata,
Esses desgraçados com os quais convivo.
Mas é só um devaneio de um louco poeta.
Serão os poetas todos maníacos assim?
São os oblíquos (já ouvi dizer) sem utilidade.
Escrever, ah!E morrer com a boca aberta,
Em agonizante ânsia, e expurgar, no fim,
O vômito cheio das injustiças da sociedade.