Crianças da Síria
A linha de frente avança a olhos vendados.
De leste a oeste, extremos rebelam-se.
Pequenos olhos perscrutam estopins que acendem o luar.
Rostos conflitantes protestam frente à inércia.
O torpor se avoluma na tortura de dias e horas arrastadas.
Na arena forjada, a escuridão se alastra.
Peças de um mesmo jogo
se movimentam em campo minado.
Lados opostos, um mesmo medo.
Pequenas mãos suplicam ao vazio,
Sem vida, só sobrevida
Apenas se levam, sem nada levar.
O sono carrega confuso, estrondos surdos regados a medo e sem canções de ninar.
Só existe o nada,
a figura difusa, pequena e multicor descansa em escombros, na dor.
Seus olhos fundos registram a morte
A vida é passado, sonhado, queimado e abandonado.
Sombras avançam miliciadas na ira libidinosa da ânsia final.
Um grito, mil ecos se lançam no ar.