MARGINAL DE ENCOMENDAS
Nascido na favela
Invisível para a sociedade
Marginalizado pelo sistema
Empurrado pra marginalidade
Sua vida é muito triste
Seu futuro será mais triste ainda
Ou será avião ou bandido
Ou não será nada, pois não terá vida
É a vergonha da sociedade
É um mal que deve ser banido
Pois pra elite nojenta desse país
No morro só mora bandido
Mas não podemos esquecer
Que convivemos com eles
Isolar é desumano
Mas é o que fazem os burgueses
Tenho pena é dos pais
Que trabalham pra comprar uma televisão
Com o intuito de proporcionar aos filhos
Um pouco mais de diversão
Mas quando esta chega
A criança não para de assistir
Toda hora tem propaganda
Que o faz se reprimir
Só aparecem crianças bonitinhas
Ganhando brinquedos imbecis
E ele que não tem condição de ter brinquedo
Acha que é infeliz
A sua infância é muito dura
Insalubre e detestável
Papai Noel nunca aparece
Pois ele não gosta de criança miserável
E o coelhinho da páscoa
A cara também não dá
Pois criança miserável
Chocolate não precisa ganhar.
E ele que é uma criança
Sobrevivendo de forma selvagem
Começa a viver o seu drama
De antagonista de um longa - metragem.
O longa - Metragem é sua vida
E não terá final feliz
Pois enquanto criança ele pede
Mas quando for adulto Não irá mais pedir
Vai querer tomar tudo na marra
E descontar as humilhações que sofreu
Vai brigar com as pessoas erradas
Vai bater em quem nunca lhe bateu
Vai ser frio e egoísta
Vai ser extremamente canalha
Vai fazer das ruas pelas quais passar
Seu escritório e campo de batalhas
Igual a ele ha muitos no mundo
Mundo medíocre e assustador
Ele sabe que terá vida curta
Mas enquanto viver espalhará o terror
Se for preso não será curado
Desse mal a que foi submetido
Se ficar solto causará estrago
A este sistema fudído.
Por isso o sistema lhe quer morto
Por isso o sistema lhe quer morto
Pois como escapou de morrer no ventre da mãe
O sistema se encarrega de fazer o aborto