UM MÉTODO SIMPLES DE SE PASSAR A VIDA É SE DESFAZENDO DELA E DOS CANTOS.

Sabia eu o que queria ser em cinco anos,

Tive motivos para desabrochar

E saber que seria tão velho quanto.

Criei alguns ratos na cozinha,

Guardei o rancor da infância

E acabei me desinventando novamente.

Porém, falei que é sobre a vida

O momento em que nós racionalizamos

O quanto tantas razões nos machucam.

Então, rasguei meus documentos,

Queimei a última nota de dólar

Rabisquei algumas coisas no chapéu,

Disse a mim que iria acabar,

Cavei um buraco no chão da sala,

Gravei nomes aleatórios no ar,

Telefonei para todos os cães.

Coloquei primeiro o pé esquerdo,

Depois sentei-me sobre a sujeira,

Fui deitando lentamente...

Esperei que o vento me soterrasse,

E imaginei os meus poucos sentimentalismos.

Mas tudo o que faço é inútil,

Como que se isso adiantasse algo,

É tudo uma besteira da modernidade.

Parece que no fundo, no fundo,

Todos terminamos casados,

Dividindo a cama com alguns trocados.

Daqui a todo esse tempo,

Eu vou ser assalariado,

Mas vou estar deitado sobre meu caixão.

Que condição absurda essa de viver,

Parece que esquecemos

Que a humanidade não dá em pé.

Essa é a tristeza do amor?

Ou eu só estou subvertendo um sorriso meu?

Voltemos a fingir...

Bem, lembrem-me de escrever duas cartas

Uma pra Deus, outra pro Diabo,

Pedindo que não coloque mais ninguém

Pra exercer qualquer que seja o cargo.

Podíamos muito bem viver de abraços,

Mas preferimos comercializar o Eu.