MEUS GRILHÕES
Arrancaram meus grilhões
Minhas algemas, minhas amarras
Estou livre feito a pena de Castro Alves na Canção do Africano
Como a alma de Mandela acima da segregação
Ou o eco do grito de Zumbi pelos becos de minha favela
Não sou mais aquela
Que toda negra escravizada
Chorando o meu destino na escuridão da senzala
Na palidez do banzo com saudades de minha terra
No vermelho de meu sangue escorrendo pelo tronco do castigo escravocrata
Ou currada, à força saboreada, por meu amo branco, cheio de altivez...
Recolheram as chibatas
Já posso comemorar meu ideal treze de maio
Sorrindo,
Vou me iludindo
E me fartando na mesa da hipocrisia libertária
Sou livre? Não sou?
Excativa desgraçada
Deito meu filho, calada, no leito do abandono,
Não tenho senhor, nem dono, nem amor, nem ilusões
Ponho-me a beijar meu sonho,
Talvez temendo que a droga, o crack
Apareça, em meio do sono,
Venha matá-lo de uma só vez
O meu menino de vez
Que nasceu livre, inocente,
Não sabe dos meus grilhões.
By Nina Costa, in 15/05/2014