Opinião do Doutor (+)
Pobre, senhor!
Sentado, chorando, pedindo esmola
E eu sou doutor,
No carro de terno, não abaixo a vitrola.
Foi penoso conquistar o que conquistei
E me dá pena, se aquele senhor pouco tem
Se meus atos fossem seguidos por todos
Poderia até desbancar uns trocos
Mas se cada um olha apenas pra si
Resolvi também ser assim
Vendar os meus olhos para o caos
E fingir que está tudo normal.
E se meus filhos perguntam porque não estendi o braço
Façam o que digo, mas não façam o que faço
E a geração de pessoas mortas no interior
Tende a crescer; e o mundo vai ficar um horror
Graças a atitudes de pessoas como eu
Que não fizeram o que era possível
Mas o capitalismo é maior do que minhas ações
E por mais esmola que eu dê, serão iguais as condições
O mundo não muda com atos generosos
A não ser que eles venham dos poderosos
Que têm uma capacidade de mudança muito extensa
A minha só serve para aliviar o que o próximo pensa!
E se ele não pôde trabalhar, lamento muito, senhor
O governo que o ponha para estudar com fervor
Para adquirir as mesmas condições que tive
Com estudo e dedicação qualquer cidadão sobrevive.