Poesia não vomitada

Olá. Eu não tenho nada contra, mas não gosto de vomitar textos. Nem mesmo às golfadas, como diria Darcy Ribeiro. Não, não estou me comparando ao grande e sagaz antropólogo. Mas escrevi essa poesia simples, com relativo trabalho, todo manual, não projetando o inconsciente. Portanto, seja sincero, gosta?

Crianças Levadas

Apatia verificada sob o céu estrangeiro.

Primeiro nasceu e foi logo levada.

Derradeiro temor de pessoas estranhas.

Nevoeiro rubro sobre a face tristonha.

A imagem ainda viva dos pais ausentes.

O sabor do leite inda procura.

Seus choros ardentes não dizem mais nada

E o tormento da chegada alimenta a tortura.

Depois vive livre em plena agonia.

Sua raça, seu lastro procura e não acha.

Depois do jantar, no colo da "mãe",

Pesadelos assaltam, clima sem graça.

Dividida entre ser ela mesma e a outra,

Revela na escola singular rebeldia.

Se a chamam, ignora, não quer mais sentir,

Sua raiva reprimida, não, não é pouca.

Se pinta as paredes o giz não lhe basta.

Outras ferramentas que logo usar.

Fura a parede, se machuca, se acha,

Projeta a pessoa desde sempre roubada.

adrianofrt
Enviado por adrianofrt em 03/10/2016
Código do texto: T5780291
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