Poesia não vomitada
Olá. Eu não tenho nada contra, mas não gosto de vomitar textos. Nem mesmo às golfadas, como diria Darcy Ribeiro. Não, não estou me comparando ao grande e sagaz antropólogo. Mas escrevi essa poesia simples, com relativo trabalho, todo manual, não projetando o inconsciente. Portanto, seja sincero, gosta?
Crianças Levadas
Apatia verificada sob o céu estrangeiro.
Primeiro nasceu e foi logo levada.
Derradeiro temor de pessoas estranhas.
Nevoeiro rubro sobre a face tristonha.
A imagem ainda viva dos pais ausentes.
O sabor do leite inda procura.
Seus choros ardentes não dizem mais nada
E o tormento da chegada alimenta a tortura.
Depois vive livre em plena agonia.
Sua raça, seu lastro procura e não acha.
Depois do jantar, no colo da "mãe",
Pesadelos assaltam, clima sem graça.
Dividida entre ser ela mesma e a outra,
Revela na escola singular rebeldia.
Se a chamam, ignora, não quer mais sentir,
Sua raiva reprimida, não, não é pouca.
Se pinta as paredes o giz não lhe basta.
Outras ferramentas que logo usar.
Fura a parede, se machuca, se acha,
Projeta a pessoa desde sempre roubada.