CRÔNICA DA ALIENAÇÃO POÉTICA NOSSA DE CADA DIA
Aperto o play, conecto meu dia na mesma rede social.
Hora do lanche matinal: o café, os ovos, o pão e o jornal.
Um dia reduzo no açúcar, outro dia diminuo no sal.
O muro de Berlim caiu de novo, o ator Global mudou pra Paris, o salário está no mesmo local.
O noticiário fala da bolsa, da política e do temporal.
O corrupto é inocente, a delação é premiada, a corrupção é o único mal.
Tudo sempre tão desigual.
O dia passa rasgado, algo fora do normal.
As peças são encaixadas num processo sequencial,
Controle maquinal sempre tão pontual.
O barulho dos carros, o trânsito infernal,
A passagem do ônibus mais cara, o aumento abusivo, ilegal.
Tudo sempre tão antiético, imoral.
O pobre, o rico, a injustiça social...
O negro, o branco, a diferença racial...
O menor infrator é destaque na página policial.