Manobra das trevas
Parecia que entrava nos trilhos,
As engrenagens desse país imenso,
Mas com várias investidas e sutis ataques
Não admitiram o seguir intenso.
A todo povo eram acessíveis
As mais modernas das tecnologias.
Pessoas simples, da sociedade,
Dividiam espaço com a burguesia.
Operários financiavam carros
Que outrora era luxo de patrão,
Mais isso veio a despertar o ódio
De quem se apropriava da escravidão.
“Esses pobres coitados não tem o direito
De se misturar com gente importante!
Onde já se viu pobres em aviões
Um governo assim não é interessante!”
“É chegada a hora de tomarmos o volante,
De pôr o pé no freio, mudar a direção.
Temos que voltar, seguir velha rota
E colocar o pobre em sua posição.”
“Chega de direitos para operários,
Basta de discursos por valorização.
Quem detém o poder somos os empresários
Nós é que fazemos crescer essa nação.”
“Não nos importamos com o fim da miséria!
Não nos interessa falar de exclusão.
Aumentar os lucros é o que nos move
Não vemos limite a nossa ambição.”
“A nossa estratégia foi bem sucedida
Foi surpreendente tanta adesão.
Nem sequer pensávamos que o povo sofrido
Devolvesse o chicote para seu patrão.”
Houve tantas manchetes, tantos escândalos,
O povo a gritar: governo ladrão!
Não foram capazes de ver a essência
Que o oprimido pedia opressão.
Foram tantos anos sem terem o controle,
Sem ter o comando, com velhas regalias.
Voltaram com sede, a devorar tudo
Para o bel prazer de uma minoria.
Valviega, 20/09/16