Poema tirado de um poema tirado de uma notícia de jornal
Joãozinho Gostoso morava no morro Chapéu Mangueira
Cresceu sozinho e fazia vapor de segunda à segunda-feira
Dizem que seu pai se suicidou afogado
Mas, na lagoa Rodrigo de Freitas, o corpo nunca foi encontrado
Conhecido no morro como JotaGê
Sonhava em ser soldado na CDD
Ouvia “Um homem na estrada recomeça a sua vida”
Sem ter visto asfalto, não encontrou uma saída
Aos sábados, baile com o amigo aviãozinho
Aos domingos, jogava bola sem chuteira no campinho
Sua vida era rotina, como a Construção de Chico
Quando faltava olheiro, pedia: “deixa que eu fico”
Certa noite, quis impressionar o dono do morro
Vigiou daquela vez como se fosse o único
Vendeu daquela vez como se fosse a última
Matou um homem fardado como se fosse mágico
E morreu na própria mão atrapalhando o tráfico