IRMÃOS
Um dia cruzaram os braços alguns irmãos
Selaram seus corações como se selam cartas
Sem vínculo algum, notícias ou antigas cantigas
Lembranças ou relíquias
Passadas
Delicias
Estórias contadas
À meia luz do quintal
De um tempo tendo ainda ao peito
Um rastro de luz fraternal
Porque vindo o tal de novo tempo
Este outro mundo me parece ultrapassado
Irmãos contra irmãos se enaltecem tão revoltados
De adagas empunhando as mãos
Na sede de querer
Cegueiras do poder
Enfartam corações
Dilaceram famílias
Transformam arquipélagos em ilhas
Trancam e rangem os dentes
Esbugalham olhares
Sedentos de sede e fome
Despem-se os homens
Vestem-se de avatares
Tornam-se algozes
Multiplicam dores
Irmãos contra irmãos
Pior que os próprios cães
Estrangulam mães
Desonram seus genitores