CANTO GRANDE
Lêdo Ivo.
Não tenho mais canções de amor.
Joguei tudo pela janela.
Em companhia da linguagem fiquei,
e o mundo se elucida.
Lêdo Ivo.
Não tenho mais canções de amor.
Joguei tudo pela janela.
Em companhia da linguagem fiquei,
e o mundo se elucida.
Do mar guardei a melhor onda
que é menos móvel que o amor.
E da vida, guardei a dor
de todos os que estão sofrendo.
Sou um homem que perdeu tudo
mas criou a realidade,
fogueira de imagens,
depósitode coisas que jamais explodem.
De tudo quero o essencial:
o aqueduto de uma cidade,
rodovia do litoral,
o refluxo de uma palavra.
Longe dos céus, mesmo dos próximos,
e perto dos confins da terra, aqui estou.
Minha canção enfrenta o inverno,
é de concreto.
Meu coração está batendo
sua canção de amor maior.
Bate por toda a humanidade,
em verdade não estou só.
Posso agora comunicar-me
e sei que o mundo é muito grande.
Pela mão, levam-me as palavras
a geografias absolutas.
- Lêdo Ivo, in "Poesia Completa", 2004.
que é menos móvel que o amor.
E da vida, guardei a dor
de todos os que estão sofrendo.
Sou um homem que perdeu tudo
mas criou a realidade,
fogueira de imagens,
depósitode coisas que jamais explodem.
De tudo quero o essencial:
o aqueduto de uma cidade,
rodovia do litoral,
o refluxo de uma palavra.
Longe dos céus, mesmo dos próximos,
e perto dos confins da terra, aqui estou.
Minha canção enfrenta o inverno,
é de concreto.
Meu coração está batendo
sua canção de amor maior.
Bate por toda a humanidade,
em verdade não estou só.
Posso agora comunicar-me
e sei que o mundo é muito grande.
Pela mão, levam-me as palavras
a geografias absolutas.
- Lêdo Ivo, in "Poesia Completa", 2004.