Ainda há medo.

Eu não sou do tipo que se manifesta,

Eu permaneço calada,

Eu luto em silêncio:

Eu apoio,

Eu vigio,

Eu cuido,

Liberto,

Desconstruo,

Protejo;

E não me pronuncio,

O silêncio se mostrou amigo da minha paz,

E isso, muito bem me faz.

Mas ouvir de alguém próximo,

Amado,

E querido,

Que se ela estivesse na igreja isso não teria acontecido,

Fez surgir receio,

Fez alarde em mim,

Quantos mais de vocês são assim?

Eu precisei me pronunciar,

E quis lhe perguntar:

Se fosse eu alí, você ainda agiria assim?

E mesmo que se indgnasse por mim,

Ainda não é assim,

Ela não é só sobrinha de alguém,

Irmã de alguém,

Filha de alguém,

Mãe de alguém,

Ela é alguém.

Uma pessoa.

Tanto quanto eu.

Quanto você.

Então não haja assim,

Pois essa não é uma realidade dissociada de você ou de mim.

Mas mesmo com tudo isso,

Mesmo indignada,

Chocada, triste, ameaçada, e ferida,

Prefiro permanecer aparentemente calada,

Pois ainda sigo amedrontada.