Decência

Um povo, um rito, um mar sem ondas.

Alguma coisa falta nessa gente

que, sem mente quase,

precisa pensar.

Daqui não avisto o paraíso:

lugar perdido no meio da vida das ideias sonolentas,

passadouros de bichos e de mitos e de gente,

Animados como um povo fraco.

Há coisas que preciso, mas que não existem mais.

Os homens entram um a um como sementes pré-germinadas,

sem poder nascer.

Uma escravidão persiste

e nada é pertinente a esse homem que não pausa para entender

que, após morrer, não mais vota,

nem volta

nem vai!

Para me divertir teço algemas e me prendo,

antes que outros me tragam o veneno

e de caçador vire a caça

e possa aceitar morrer entre indecentes propostas

de se governar, sem se amar...

o que só pode ser de todos,

para que seja decente!