VERSOS DE UM NEGRO
© Mauro José da Silva (Moçambique)
Do sexo
nasci eu.
E com o complexo
de inferioridade.
Assassinaram a minha
felicidade.
Pareço ser doente,
um ser delinquente.
Apenas pela raça,
que uns julgam desgraça.
Sou negro,
o preto.
Onde não há beleza por se
comparar.
E nem riqueza por se narrar.
Porém, valho como o alcatrão
e
o carvão.
E sou como a noite selvagem,
sou perigoso para qualquer
patrão.
Talvez valia mais na
escravidão,
talvez valia mais outrora,
talvez, é o que penso agora.
©Águia do Verso (Moçambique)