RIO SANTO ANTÕNIO

RIO SANTO ANTÕONIO

O que sou, do que eu fui?

Nada. Apenas um fiapinho da abundância que fui.

Estou fraco, esquelético,

estou sufocado, sem respirar com

as entranhas entupidas, estou dando o último suspiro,

agonizo e me causa tristeza a indiferença

daqueles que anos a fio carreguei no meu leito.

Por mim passaram os vìveres que abasteciam os armazéns.

Sobre o meu leito transportei o gado, gente que chegava que partia,

gente que pescava pra matar a fome,

infelizmente não pude evitar a morte daqueles que se aventuravam,

fui eu que na cheia fertilizava as margens,

abastecendo a fartura dos paióis,

aqui nasceu um cultura, lendas, mitos

fui testemunha ocular da estupidez humana,

fui eu esse gigante esquecido e enjeitado

que carregou no seu bojo de forma generosa tudo isso,

só não esqueçam de uma coisa também,

se eu morrer, morrerão todos vocês.

Geovane Morais
Enviado por Geovane Morais em 19/06/2016
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