RIO SANTO ANTÕNIO
RIO SANTO ANTÕONIO
O que sou, do que eu fui?
Nada. Apenas um fiapinho da abundância que fui.
Estou fraco, esquelético,
estou sufocado, sem respirar com
as entranhas entupidas, estou dando o último suspiro,
agonizo e me causa tristeza a indiferença
daqueles que anos a fio carreguei no meu leito.
Por mim passaram os vìveres que abasteciam os armazéns.
Sobre o meu leito transportei o gado, gente que chegava que partia,
gente que pescava pra matar a fome,
infelizmente não pude evitar a morte daqueles que se aventuravam,
fui eu que na cheia fertilizava as margens,
abastecendo a fartura dos paióis,
aqui nasceu um cultura, lendas, mitos
fui testemunha ocular da estupidez humana,
fui eu esse gigante esquecido e enjeitado
que carregou no seu bojo de forma generosa tudo isso,
só não esqueçam de uma coisa também,
se eu morrer, morrerão todos vocês.