FAMÉLICO SER
Jorge Linhaça
 
Que de lixo te alimentas,
da alienação das gentes
 comes os restos,
das mesas opulentas
da sociedade indiferente
para a qual és só inseto
 
Famélico ser, foste criança
hoje aos que passam és dejeto
dizem para ti não há esperança
só uma lápide de concreto
 
Famélico ser, viramundando
O lixo na rua entornando
à indiferença de quem vai passando
 
Viramundo famélico
a fome do corpo sacias
mas serás sempre cético
mundo cheio de ironias
 
A fome em teu peito
essa fome de amor
Essa não tem jeito
Só te resta a dor
 
E os hipócritas enojados
não suportam o teu cheiro
pois é o cheiro do pecado
dos que tem por deus o dinheiro.