Quem me Dera
Ai!Quem me dera cantar as musas,
E espalhar da poesia o orvalho
Que, na arvore do coração
Goteja de galho em galho!
Quem me dera viver entre estrelas
Sempre risonho e contente,
Amando a vida e cantando
Sem pesares na mente!
Viver mil anos de angélica magia
A cada passageiro instante,
E sentir na alma a alegria
Mais terna e inflamante!
Mas!Quão rude e feio é o presente!
Meu Deus!Que quadro de agonia!
Que cena vil e revoltante
Vejo praticada,em pleno dia!
Oh! Não é possível ao coração
Cantar a felicidade e ternura
Ante tal espetáculo de desunião,
De maldade!De descompostura!
Não hei de descansar a voz
Enquanto ouver nesta esfera
Um só ato covarde e feroz!
Espera,musa...Espera...