COMPARANDO
Por entre as grades da cela
vejo um alto e belo coqueiro.
As grades me impedem de vê-lo
em toda a sua extensão,
assim como impõem temores
para impedir que alcancemos
a altura de um ideal nobre.
As folhas secas a cair
lembram os que sucumbiram
em sua luta vencida
para ver os frutos do ideal
alto e belo como o coqueiro.
Igual às folhas secas, dependuradas,
sinto-me frágil e espero a queda...
mas a idéia vive e perpetua-se
que nem o coqueiro alto.
E novos brotos aparecem
com o vigor da juventude,
enquanto folhas velhas
se desprendem e caem ao chão
fertilizando a terra
com energia reciclada
que certamente fermenta
o seu, o meu ideal.
De 1964, em Poemas do Cárcere