KAOS

Ligo o rádio e não ouço música,

assisto o noticiário e não obtenho informação relevante,

o Papa renunciou em condições suspeitas,

o Carnaval se confunde com a mesmice do Natal,

o calendário tornou-se repetitivo ritual...

Os relógios disparados tentam medir o tempo,

os dom quixotes rendem-se aos moinhos de vento...

Digito meus pensamentos ao léu

e o poema insiste em queimar o véu

que oculta a insanidade deste planeta.

Trabalho e desisto de quitar todas as prestações,

de exorcizar todas as assombrações...

penso que mais dia, menos dia...

não haverá dinheiro no caixa dos banqueiros,

nem shampoo no banheiro,

água quente no chuveiro,

combustível suficiente

para repetição de nossas rotinas...

Nostradamicamente, vejo o abismo fiscal,

o colapso das moedas,

a contaminação das nascentes,

os dejetos e poluentes

servidos como finas iguarias...

Vejo o congestionamento de carros abandonados,

andarilhos pedindo passagem,

os antigos abonados mendigando hospedagem...

Vejo os computadores sem vida,

e quase todos sem outra saída

senão readaptar-se ao real!

Vejo o ser humano confundido

instantaneamente reduzido

à seu devido tamanho!

Então a realidade virá à tona...

o circo sem lona...

e no picadeiro

marionetes sem cordões

atestarão o fim da manipulação!!!