Evolução

passa roda no asfalto quente, morre gato no arauto rente

morre bicha à parada espancada, morre bicha apagada na sacada

sauda a família sublime retrato, o homem pleno perfeito

deitado na cama pérfida gozada na vergonha do motel luxurioso à amante

escarra racismo velado de sorriso na testa do negro

despreza com olhar fantasiado de sorriso, pobre de aeroporto

seus similares verde e amarelo transcritos de ódio esgoelam palavras de ódio

se camuflam na rede de falsos cristos chucros perturbados deturpantes

apanha mulher violada no metro estuprada ejaculada aliciada emponderada

apanha,

morre no oposto do iate os desimportantes lacerados pela fome

a baba cuspida na gargalhada daqueles matam a sede destes

gargalhada de deboche desprezo e escarnio à essa nação

multidões apodrecem avenidas batendo panela, sequela , balela

na ruela tênis nike nariz ereto esmaga remendada oprimida chinela

dão golpe mata dragão na constituição e tiro rasga coração no sofrido cristão

por outro lado há resistência, ha força, há na vida tesão

a mulher aliciada emponderada resiste, com sua saia e sua voz

o negro cercado diminuído por prédio e carro resiste com sua faculdade progresso

a bicha desprezada recriminada resiste, com seu beijo, sua imposição

há resistência, há força

há vida, há evolução

não vai passar involução

não vai passar maldição

Lucas Guerra
Enviado por Lucas Guerra em 29/04/2016
Reeditado em 21/12/2016
Código do texto: T5619686
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