Lacaio - Indigente
Na noite calada o frio assombra
vultos abruptos por todos lados
a visão perdida avista a sombra
um caco humano em seus fados
O cheiro é forte do ente fraco
Na pele a sujeira do descaso
O olho não vê fome no braço
No pé a desigualdade do caso
O lixo é a imagem da pessoa
Dejetos vivos da humanidade
Deixados em sua sorte na rua
Feitos cidadãos sem sociedade
É o direito junto essa injustiça
Na boca dum homem que fala
A lei onde o gueto nega a liça
Na mão de uma criança fraca
Risca então esse céu um raio
Lá de cima jorra as lágrimas
Do resto que ficou dum lacaio
Abaixo do papelão na esquina
De
Marcondes Schifter
Poeta & Jornalista