Pungente

Roda viva,

ciranda de sombras.

Verso pungente...

Tira a sorte em sortes de bar,

revive a história que sucumbiu

nos lábios das moças,

observa atônito

cada passo,

cada hora,

cada imundo que

jura alto no alto das tribunas

amor e lealdade

a quem não reconhece,

coroa,

mãos doentes de beijos e bajulação,

cara de pau

e circunlóquio dos gêneros premeditados

na lição matinal.

Tenta a sorte em tribunais de agonia,

páginas de jornais e autos tendenciosos,

morte anunciada na paz dos templos,

guerra de carne fria e fervor de gametas.

Mas sobrevive,

mas ressuscita,

mas nunca morre,

que é brava e viva esta gente.

Meus moleques merecem mais.

Mais que o resto da conversa,

mais que a oferenda das senzalas,

liberdade posta à mesa...

Fartura de pães,

fartura de pais,

poesia no colo da morena

e o direito a ser Brasil.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 27/04/2016
Reeditado em 27/04/2016
Código do texto: T5618442
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