Pungente
Roda viva,
ciranda de sombras.
Verso pungente...
Tira a sorte em sortes de bar,
revive a história que sucumbiu
nos lábios das moças,
observa atônito
cada passo,
cada hora,
cada imundo que
jura alto no alto das tribunas
amor e lealdade
a quem não reconhece,
coroa,
mãos doentes de beijos e bajulação,
cara de pau
e circunlóquio dos gêneros premeditados
na lição matinal.
Tenta a sorte em tribunais de agonia,
páginas de jornais e autos tendenciosos,
morte anunciada na paz dos templos,
guerra de carne fria e fervor de gametas.
Mas sobrevive,
mas ressuscita,
mas nunca morre,
que é brava e viva esta gente.
Meus moleques merecem mais.
Mais que o resto da conversa,
mais que a oferenda das senzalas,
liberdade posta à mesa...
Fartura de pães,
fartura de pais,
poesia no colo da morena
e o direito a ser Brasil.