Contagem regressiva

Minha terra tem palmeiras,

tem pavor,

tem horror,

globos quebradiços

e beiços roxos de cartomantes,

covil de santos,

câmaras de probidade e suor frio.

Que frio, pátria amada!

Escorre-se pelo pescoço,

o mel e a saliva,

a putaria doutrinária

encangada na jurisprudência

arreganhada das esquinas,

por sobre os pelos que camuflam

o escuso,

pelas barbas

de profetas engomados e filhos da puta,

pelo nome dos filhos das esposas

e das marias.

Minha terra tem sabiás!

Cantam alto, mas se escondem,

alugam os pulmões e o progresso,

temem o choque e a circuncisão,

sabem demais desta terra que acostumou

a eleger ladrões e inocentar assassinos.

Contagem regressiva.

Nosso sangue verterá...

Cruzes e credo

no olhar de um povo acabrunhado

por fantasmas de carne, osso

e democracia.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 18/04/2016
Reeditado em 18/04/2016
Código do texto: T5608401
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