talvez...

enquanto os homens

ferozes lá fora

brigam toda hora

eu escrevo poemas

talvez ao lê-los

parem de brigar

e olhem pra boca

tão cheia de fome

da criança que passa...

e olhem o espanto

nos olhos molhados

da miséria que chora

e olhem pra cara

doente e pálida

da massa inválida

que já não disfarça

seu gemido de dor

talvez ao lê-los

parem a contenda

e dê trégua à sede

de poder tirano

deixando a guerra

em busca do trono

para outro plano

talvez, assim penso,

ao lerem o poema

a dor que é extrema

ganhe um espaço

em seus pensamentos

e os homens briguentos

com cães sarnentos

esqueçam o poder

e essa briga insana

e no raiar de um dia

plantem com justiça

e com fraternidade

um pouco de harmonia

talvez, talvez... SGV. (22/02/2000)