Rebeldes de cartão
Os de hoje
Que inundam
Que nos são dados
Pelos nossos media
E
Claro
Pela nossa cibernética teia
Rebeldes de cartão
Com muitas palavras
De muitas causas
Mas sem uma única ideia…
Rebeldes
Com a indispensável inquietação
Ingrediente indispensável
Para despertar nas audiências
Paixão
Embora se os observarmos bem
O seu ar desalinhado
Desaparece
Mal deixam de serem fotografados…
Rebeldes com dramas
Mas nunca traumatizados
Pois o seu único drama interior
É quando notam
Que acabou o gel do cabelo
Que pensavam ainda ter guardado…
Rebeldes
Porque a multidão
Precisa
De quem por ela
Se revolte
Se atreva
Por ela
A dizer “Não!”
Rebeldes
De aviário
Feitos a pedido
Rebeldes por isso
Contidos
Nada demasiado
Perigosamente contestatários…
Rebeldes
Sem convicção
Rebeldes
De horário fixo
Rebeldes
Não ideológicos
Rebeldes apenas de profissão
Rebeldes
De cartão
De que é feita a sua alma
A sua imagem
De cartão de crédito
De multibanco
Para as suas contas pagar
Rebeldes fabricados
Para melhor controlar
Quem pode ser
Um potencial rebelde
Real
E se recuse deixar dominar
Por isso nos fabricam tantos rebeldes
Os rebeldes de cartão
Que apenas servem
Para nos impedirem de pensar
Porque enquanto olhamos para eles
Pensamos em tudo
Menos no mais importante:
Em nos revoltar...