O morro sangra

O escadão se desenha no morro,

Como espinha dorsal o sustenta.

Nele sobe um grito de socorro,

Souto por um que não se aguenta.

O corpo se dobra ao pé do escadão,

Sua voz vai a frente alertando,

Quebrando aquela paz, vai dançando

Pelas curvas da escada, em cada vão.

Os olhos temerosos veem a violência,

Temem-na, sabem a sua veemência.

Os olhos escondidos nas frechas do portão,

Testemunham o que acontece ali no escadão.

Testemunham todas as vezes que dele sangue escorre,

Todas as vezes que um filho aos seus pés morre.

Alexandre Rodrigues de Lima
Enviado por Alexandre Rodrigues de Lima em 08/04/2016
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