O morro sangra
O escadão se desenha no morro,
Como espinha dorsal o sustenta.
Nele sobe um grito de socorro,
Souto por um que não se aguenta.
O corpo se dobra ao pé do escadão,
Sua voz vai a frente alertando,
Quebrando aquela paz, vai dançando
Pelas curvas da escada, em cada vão.
Os olhos temerosos veem a violência,
Temem-na, sabem a sua veemência.
Os olhos escondidos nas frechas do portão,
Testemunham o que acontece ali no escadão.
Testemunham todas as vezes que dele sangue escorre,
Todas as vezes que um filho aos seus pés morre.