Jardim de aclimação
É preciso conviver,
Com os que acham fé em Deus, algo imbecil,
que jogam bosta se, lavo a bandeira do Brasil;
Os que a seu favor garimpam na lei até um til;
Mas, contra si, qualquer correção é violência;
É duro conviver,
Com os homenageados em primeiro de abril,
Jovens apoiando essa desfaçatez idosa, senil,
Cuja valentia ensaiada só disfarça ao que é vil,
E escolhe plateias amestradas, para insolência...
É amargo conviver,
Com o neurônio ainda silvestre, e duro, hostil
Que desconhece causas, do seu padecer febril,
se exaspera ameaçando a pacífica ordem civil,
como se fosse valentia, essa coisa tão covarde:
Mas, é bom conviver,
Com aquele que não teme o efeito do Bombril,
Consegue ser manso, civilizado, bravo, varonil,
Cultuar valores desmascarando interesse, sutil,
Apenas ancorado na lei e decência, sem alarde...
Em suma, precisamos sofrer a vida, como ela é,
Nessa mistura enlouquecida, flores com bombas;
Nas águas turbulentas singra a vela Arca de Noé,
humanos e bichos, mistura de corvos e pombas...