Jumentos

Me pego revendo meus papeis bobos,

E me pregunto, de onde tirei a ideia;

gastar tempo e latim, com os lobos,

pensando que os atos fossem probos,

que nada, seguem o rumo da alcateia...

Agora me resguardo e, de novo, nego,

Gastar tempo, conselho, com gente má;

imbecil convicto que não vale um prego,

um estranho, não encaixa em meu lego,

sua patologia é sua bússola, por ela, vá...

Plantamos valor humano, ceifamos coice,

Extravasam as águas, há ciscos na calha;

Esperança tola, a um pé na bunda, foi-se,

cérebros, onde insana paixão passa foice,

ficam ermos, e não resta nada que valha...

Usa uniforme camuflado, exército cínico,

O que diz não ter cor debaixo da falsidade;

Mas, o jogo se revela, a cada ato, cênico,

calhordas se revestem ocultando o pânico,

E adubam a mentira, bajulando à verdade...

Não tenho mais tempo, saco, pra fanáticos,

Às marcas fajutas não empresto meu couro;

É inútil ser bons onde devemos ser práticos,

Bem dizia Estobeu, pensador pré-socrático,

Que os jumentos preferem a palha, ao ouro...