BALA PERDIDA

Eu venho de todos os lados

trajetória: linha reta.

Procuro seu corpo cansado

em qualquer rua deserta.

Eu sou o aço que corta

o ar que você respira

sou uma passagem, uma porta

na mão daquele que atira.

Nesse encontro desperto a tristeza

que em ti estava escondida.

Depois de mim, com certeza

emudecerás de surpresa,

me chamam de praga maldita.

Sou desespero e choro,

o que você mais detesta.

Sou grito de mau agouro

suor que pinga da testa.

Sou chaga aberta no corpo

sangue que escorre entre os dedos.

Transformo homens em loucos

sou o pior dos seus medos.

Não há quem escape do açoite

do meu abraço de hidra.

Sou frio, sou breu e sou noite,

sou murro, sou sou urro, sou coice

me chamam de bala perdida.