Zona

Passa despercebido

o desejo do menino

atônito

e estupefato

com tamanho cinismo.

Liga a TV,

desliga os aparelhos,

carnes vermelhas,

vergonha vermelha,

azul anil

e canalhas.

Quem os pariu?

Homens de "ordem",

fúria deliberada

na bandeira e no progresso,

ligações de ontem, de hoje.

O mistério está no altar!

O engano é de sempre, menino.

Passa despercebido...

Os gritos desejam mais,

os ladrões são assassinos também,

mas a maquiagem dos telejornais

os enfeita e expõe

a história que nunca

se vociferou nas ruas.

Os ladrões dão as mãos

e pedem a cabeça dos anfitriões,

a ordem subverte,

a ordem é subverter.

O menino assiste,

o menino persiste,

não deseja ser acadêmico,

não deseja ser menina,

não deseja ser batizado,

não espera de ninguém qualquer redenção

ou promessa que valha a pena e alguns votos.

Confiança?

É sabido que a putaria é nossa,

que o amor ao alheio é tipico do país,

que a terra sangra aos poucos

nas mãos de um povo que

não pertence ao povo e...

é abençoada por Deus.

O menino sabe que Deus não tem parte nesta zona.

Zona de conforto.

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 18/03/2016
Código do texto: T5577673
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