Zona
Passa despercebido
o desejo do menino
atônito
e estupefato
com tamanho cinismo.
Liga a TV,
desliga os aparelhos,
carnes vermelhas,
vergonha vermelha,
azul anil
e canalhas.
Quem os pariu?
Homens de "ordem",
fúria deliberada
na bandeira e no progresso,
ligações de ontem, de hoje.
O mistério está no altar!
O engano é de sempre, menino.
Passa despercebido...
Os gritos desejam mais,
os ladrões são assassinos também,
mas a maquiagem dos telejornais
os enfeita e expõe
a história que nunca
se vociferou nas ruas.
Os ladrões dão as mãos
e pedem a cabeça dos anfitriões,
a ordem subverte,
a ordem é subverter.
O menino assiste,
o menino persiste,
não deseja ser acadêmico,
não deseja ser menina,
não deseja ser batizado,
não espera de ninguém qualquer redenção
ou promessa que valha a pena e alguns votos.
Confiança?
É sabido que a putaria é nossa,
que o amor ao alheio é tipico do país,
que a terra sangra aos poucos
nas mãos de um povo que
não pertence ao povo e...
é abençoada por Deus.
O menino sabe que Deus não tem parte nesta zona.
Zona de conforto.