Ser da "caverna"

A cidade é moderna

a cidade me chama

e eu fora dos trilhos

deixando a barba crescer

na beira do rio

pescando piaba

enquanto a cidade

cresce na estrada.

A cidade é deserta

de gente andando nas ruas

sem sentido que acerta

o caminho dos sonhos.

Tanto gente, tantos passos

e nenhuma compasso

de cumplicidade.

A cidade passa ligeira demais

sinto falta do silêncio de paz

por isso deixo a barba crescer

para ver o sol nascer devagar

sem pressa, sem tempo

sem gases no ar.

A cidade é moderna

e eu sou para muitos

um ser da "caverna"

no meu canto, descalço

no interior da essência

que a modernidade

descarta.

Texto em homenagem a Antônio Francisco Calado de 57 anos, que vive em uma buraco "espécie de caverna" há 25 anos, no nordeste goiano.

https://www.youtube.com/watch?v=FkJ6L4dqW2c

Antônio foi diagnosticado com esquizofrenia e o fato dele está distante da vida moderna é algo que intriga as pessoas.

Mas o que dizer das pessoas inseridas na vida moderna, que realizam diversos tipos de distorções da imagem, para criar (idealizar) uma representação perfeita para a sociedade, o que dizer? O que dizer sobre a qualidade de vida das pessoas?Apenas para refletir melhor sobre.

Meu sonho é de um dia poder conhecer Antônio e ouvir em silêncio interior, o que ele tem a dizer, pois eu busco a cada dia, descobrir mais e mais sobre a essência da vida, somente ela me preenche.

SerAlémdoÓbvio
Enviado por SerAlémdoÓbvio em 18/03/2016
Reeditado em 28/03/2016
Código do texto: T5577369
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