O HOMEM ERA O LOBO
Naquela noite eu caminhava pela estação
Quando uma moça desavisada eu vi passar
Ela caminhava radiante, mas eu via o medo em seu olhar
Algo como desconfiança e excessiva preocupação
O homem era o lobo em seu coração
Ela agarrou sua pasta e encolheu os ombros
O medo era vívido, me encarava como monstro
E eu sentia um leve desconforto em olhar
Mas quando ela se sentou, não pude deixar de notar
Ao seu lado um outro homem resolveu sentar
Eram quase onze horas da noite quando eu subi no trem
Ela ficou lá com um outro alguém
Mais perigoso do que aparentava,
Aquele homem tocou sua perna
Enquanto sussurrava...
As portas se fecharam em uma breve decepção
Quando estava partindo eu tive a impressão
De que ela finalmente me olhou nos olhos com um ar
Repleto de medo e desilusão
Mas fui embora para sempre naquela noite de verão...
Até hoje não me esqueço do noticiário da manhã seguinte
O corpo da jovem foi achado despido no lixo
Morto friamente com apenas vinte e dois anos de idade
Ninguém conhecia o assassino na cidade
Exceto eu.
Quando fechei meus olhos alguém morreu...
Fui a última pessoa que poderia tê-la salvo naquela noite
Eu deixei ela morrer, como seria diferente?
Sendo o lobo conivente eu me abstive de dizer
Eu matei a moça quando deixei de interceder.