Balada do endividado
BALADA DO ENDIVIDADO
Miguel Carqueija
Tanta dívida que eu tenho,
que não tem um vagabundo:
e eu vivo nesse perrenho,
devendo a Deus e ao mundo!
Muito empréstimo eu fiz
pra pagar quem vinha atrás;
fui vivendo por um triz,
me endividando inda mais!
Por que é que tudo é tão caro
com excessão do meu salário?
Ah, mas que destino amaro,
me sinto como um otário!
O sistema financeiro
diz que esse é todo o mal:
se você deve dinheiro
isso é pecado mortal!
Já não suporto essa lida,
nem tenho sangue na artéria:
trabalhar por toda a vida
e terminar na miséria!
Tive de criar família,
não pude evitar despesa:
pois seguir por essa trilha
não é minha natureza!
Amigo, tenha cuidado
que o destino é horroroso:
ficar todo endividado
num círculo vicioso!
Pior que não acreditam
e acham que não é nada:
isso ocorre com os que ficam
na pobreza envergonhada!
Já nem entro num cinema,
roupa é difícil comprar:
e eu vivo nesse dilema:
o meu dinheiro entregar!
Isso é um caminho sem volta
depois da primeira légua:
e até me dá uma revolta
pois nunca nos darão trégua!
Enfim é duro viver
a vida na contramão:
apertado conviver
com a monstruosa inflação!
O que é que eu fiz afinal
pra merecer essa sina?
Procurei não agir mal,
muita gente me estima!
Trabalho, vivo cansado,
e não tenho recompensa:
e me sinto um condenado:
é muito difícil, pensa!
Quando vem o contra-cheque
e a tiracolo o estrato
os descontos fazem leque
e eu sempre pagando o pato!
Ó anjo da guarda, ajuda!
Me livra desta sangria!
Ó Virgem Santa, me acuda!
Me tira enfim desta via!
Quando será que o dinheiro
vai ter por mim amizade?
O meu desce pro bueiro,
quem fica é a necessidade!
Com minha blusa esgarçada
e meu sapato furado,
minha saúde abalada,
meu humor que é só enfado,
vou seguindo este caminho
sem do fim o túnel ver:
endividado e sozinho,
trabalhando até morrer!
imagem pixbay
BALADA DO ENDIVIDADO
Miguel Carqueija
Tanta dívida que eu tenho,
que não tem um vagabundo:
e eu vivo nesse perrenho,
devendo a Deus e ao mundo!
Muito empréstimo eu fiz
pra pagar quem vinha atrás;
fui vivendo por um triz,
me endividando inda mais!
Por que é que tudo é tão caro
com excessão do meu salário?
Ah, mas que destino amaro,
me sinto como um otário!
O sistema financeiro
diz que esse é todo o mal:
se você deve dinheiro
isso é pecado mortal!
Já não suporto essa lida,
nem tenho sangue na artéria:
trabalhar por toda a vida
e terminar na miséria!
Tive de criar família,
não pude evitar despesa:
pois seguir por essa trilha
não é minha natureza!
Amigo, tenha cuidado
que o destino é horroroso:
ficar todo endividado
num círculo vicioso!
Pior que não acreditam
e acham que não é nada:
isso ocorre com os que ficam
na pobreza envergonhada!
Já nem entro num cinema,
roupa é difícil comprar:
e eu vivo nesse dilema:
o meu dinheiro entregar!
Isso é um caminho sem volta
depois da primeira légua:
e até me dá uma revolta
pois nunca nos darão trégua!
Enfim é duro viver
a vida na contramão:
apertado conviver
com a monstruosa inflação!
O que é que eu fiz afinal
pra merecer essa sina?
Procurei não agir mal,
muita gente me estima!
Trabalho, vivo cansado,
e não tenho recompensa:
e me sinto um condenado:
é muito difícil, pensa!
Quando vem o contra-cheque
e a tiracolo o estrato
os descontos fazem leque
e eu sempre pagando o pato!
Ó anjo da guarda, ajuda!
Me livra desta sangria!
Ó Virgem Santa, me acuda!
Me tira enfim desta via!
Quando será que o dinheiro
vai ter por mim amizade?
O meu desce pro bueiro,
quem fica é a necessidade!
Com minha blusa esgarçada
e meu sapato furado,
minha saúde abalada,
meu humor que é só enfado,
vou seguindo este caminho
sem do fim o túnel ver:
endividado e sozinho,
trabalhando até morrer!
imagem pixbay