O rosto de uma refugiada
A oriente nada de novo
Se está a passar
Apenas um homem
Numa guerra esquecida
Sobre mais uma criança
Acabou de disparar
Nada de novo
Se está a passar
Apenas mais uma cidade
Que um avião
Ajudou a aniquilar
Com bombas tradicionais
De duvidosa precisão
Não nucleares
Porque assim
O assunto ficava resolvido de vez
Não dando espaço
A qualquer margem de negociação
Reuniões
Onde se discute a paz
Eternamente adiada
E no terreno
E às portas do velho continente
As televisões
Em vez de tal questionarem
Deliciam-se antes
Com as imagens de arame farpado
Atrás do qual
Está o rosto de mais uma refugiada
Negociações
Onde o que está verdadeiramente em causa
Não são as vidas
Que podem ser salvas
O que se discute
É quem o quê vai reconstruir
Enquanto as bombas
Continuam a cair
A um ritmo maior
Do que caem as lágrimas
No rosto
Cheio de arame farpado
De mais uma refugiada