Regressão Industrial
Quase dia.
O operário levanta-se,
ainda ouvindo o apito da fábrica.
É hora... Novamente.
Seus filhos já estão de pé,
brincando com ossos.
Tremendo de frio...
Já que os trapos que vestem,
mal cobrem o corpo.
Junto de sua mulher e filhos,
segue para o martírio.
Dezesseis...
Dezesseis intermináveis horas.
Fome,
Dor,
Cansaço,
Frio.
As crianças já não agüentam mais.
Encolhem-se junto umas das outras,
buscando apenas o calor dos corpos.
Acordadas aos berros
pelo carrasco dono da fábrica:
Não pagamos para descanso.
Ora, e aquilo era pagamento?
Meia dúzia de moedas,
insuficientes para o pão,
para moradia,
para viver.
Tratados como porcos,
teriam ainda o pagamento diminuído:
que aprendessem a não mais descansar
no horário de trabalho.
Vidas humanas sucumbindo...
É o que chamamos de progresso?