POESIA

POESIA

autor: j.r.filho

Eras tu como eu, só devaneios,

Frágil, incerta e subserviente.

Não havia luz em teus anseios

E obscura era a luz de minha mente.

E comigo caminhaste pelas brumas

A buscar ilusões com avidez.

Tal e qual a areia, das dunas,

Fomos arrastados pela insensatez.

No vazio do tempo nos perdemos

Ah! Futilidades da adolescência...

Como mudamos hoje que crescemos,

Que da realidade temos consciência.

Outrora tu comigo caminhavas

Pela senda estéril do idealismo

E somente agora sei que procuravas

Uma trilha certa para o realismo.

Foi preciso mudar pra entender

E mudar custaram privações,

Pois por vezes tentaram impedir

Os nossos avanços, nossas posições.

Hoje sei o que sou e quem tu és

Pelo longo estágio na experiência...

E esse evento se deu através

De um princípio que rege a ciência.

Minha voz oprimida e efêmera

Calará, certamente, algum dia...

E ao partir desta luta, terrena,

Deixo a ti meu labor: Poesia.

Poesia extraída do livro: O Homem. o Tempo e a Poesia.

Cruz das Almas, 1971.

José Rodrigues Filho
Enviado por José Rodrigues Filho em 02/02/2016
Reeditado em 02/02/2016
Código do texto: T5531487
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