POESIA
POESIA
autor: j.r.filho
Eras tu como eu, só devaneios,
Frágil, incerta e subserviente.
Não havia luz em teus anseios
E obscura era a luz de minha mente.
E comigo caminhaste pelas brumas
A buscar ilusões com avidez.
Tal e qual a areia, das dunas,
Fomos arrastados pela insensatez.
No vazio do tempo nos perdemos
Ah! Futilidades da adolescência...
Como mudamos hoje que crescemos,
Que da realidade temos consciência.
Outrora tu comigo caminhavas
Pela senda estéril do idealismo
E somente agora sei que procuravas
Uma trilha certa para o realismo.
Foi preciso mudar pra entender
E mudar custaram privações,
Pois por vezes tentaram impedir
Os nossos avanços, nossas posições.
Hoje sei o que sou e quem tu és
Pelo longo estágio na experiência...
E esse evento se deu através
De um princípio que rege a ciência.
Minha voz oprimida e efêmera
Calará, certamente, algum dia...
E ao partir desta luta, terrena,
Deixo a ti meu labor: Poesia.
Poesia extraída do livro: O Homem. o Tempo e a Poesia.
Cruz das Almas, 1971.