Azar - Indefesos
o vento que traz a chuva do alto
leva uma lágrima nessa torrente
essa brisa suave acaricia o lado
na face umedecida pelo instante
no relento de uma noite escura
um banco de praça abriga o ser
aquele mine cidadão na estrada
sonha com um futuro ao crescer
uma multidão de dia passa aqui
tudo o que fica é a dor da tarde
na face dum nino esquecido ali
rola um pingo de desigualdade
de manhã o frio acorda o corpo
dilacerado pelo fado da calçada
anda a criança no meio do povo
sonha com o presente na escola
um menino sofre o tempo todo
aquela gota derramada na terra
cai no chão desse país imundo
escorre ladeira abaixo um azar
De
Marcondes Schifter
Poeta