Azar - Indefesos

o vento que traz a chuva do alto

leva uma lágrima nessa torrente

essa brisa suave acaricia o lado

na face umedecida pelo instante

no relento de uma noite escura

um banco de praça abriga o ser

aquele mine cidadão na estrada

sonha com um futuro ao crescer

uma multidão de dia passa aqui

tudo o que fica é a dor da tarde

na face dum nino esquecido ali

rola um pingo de desigualdade

de manhã o frio acorda o corpo

dilacerado pelo fado da calçada

anda a criança no meio do povo

sonha com o presente na escola

um menino sofre o tempo todo

aquela gota derramada na terra

cai no chão desse país imundo

escorre ladeira abaixo um azar

De

Marcondes Schifter

Poeta

MarcondeSchifter
Enviado por MarcondeSchifter em 28/01/2016
Reeditado em 29/01/2016
Código do texto: T5526210
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