Anônima!

Olha como vem!

E vem linda,

e vem bela e

acompanhada de alguém.

Olha como vem!

- Quem é que vem?

- Quem é que é

e com quem?

Com a política,

com a mentira,

com a ladroagem

e com a crítica -

não construtiva!

Por falar em construir...

Coitada da construção!

Não constrói nada,

nada constrói a não ser

sua própria desilusão.

Desilusão?

Essa é campeã!

Se vai ao bar, lá está ela;

se ao mercado, não precisa nem pedir -

ela vem em quilo e, se bobear,

em tonelada!

É uma falta de educação.

Falta do quê?

- De educação!

Do que mesmo?

- De educação!

Bom, pelo menos nesta estrofe

educação é o que não falta!

Aliás, o que é que falta então?

Não falta nada não!

Só falta arroz,

feijão,

trigo,

carne,

leite,

café...

Tem mais?

Luz,

água,

esgoto e

marmelada...

Opa!

Marmelada não!

Isso é o que mais tem,

rapaz!

A casa vem cheia...

Cheia, cheia, cheia!

Até transborda

tanto que chega até ser falta de ética.

Ah, coitada!

A ética anda desanimada,

tristonha,

melancólica,

estupefata,

aturdida,

jogada às traças,

escondida e

desrespeitada.

É uma vergonha!

Esta, que dó, já nem mostra

a sua cara.

A vergonha está envergonhada,

esquecida e curvada

diante da ilusão.

Sabe quem é que vem?

Não sabe?

Eu também não sei,

porque até agora

no meio de tantas faltas

a sua cara eu não enxerguei!