DECADÊNCIA

DECADÊNCIA

autor: j.r.filho

Qual espectro do apocalipse

Andei o mundo inteiro praticando o mal:

Provocando guerras, fomentando crises,

Até mesmo em França meu campo natal.

Nascido disseram-me: eterno é teu reino!

Serás protegido, não temas, verás

Que o mundo imaturo será, no futuro,

O cetro seguro com que reinarás.

Período de glória, do meu esplendor;

De poucos: vitória. De muitos: terror.

O sangue, da gente, sorvi em torrente

Para benefício de quem me criou.

Rogo não me culpem! Não pude entender

Que nada é eterno nem mesmo o poder...

Diversas doutrinas fizeram a ruína

De quem enganado não soube escolher.

Já nada me importa o fim é fatal...

Os que me controlam são gênios do mal

Exigem mais vidas em contrapartida

Aos claros avanços da corrente igual.

E em meio a catástrofe meu ser agoniza

Arde a fantasia do meu carnaval

Disfarce que hoje o mundo ojeriza

E condena à morte, eu, o Capital.

Cruz das Almas, 1971

José Rodrigues Filho
Enviado por José Rodrigues Filho em 17/01/2016
Código do texto: T5513557
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