DECADÊNCIA
DECADÊNCIA
autor: j.r.filho
Qual espectro do apocalipse
Andei o mundo inteiro praticando o mal:
Provocando guerras, fomentando crises,
Até mesmo em França meu campo natal.
Nascido disseram-me: eterno é teu reino!
Serás protegido, não temas, verás
Que o mundo imaturo será, no futuro,
O cetro seguro com que reinarás.
Período de glória, do meu esplendor;
De poucos: vitória. De muitos: terror.
O sangue, da gente, sorvi em torrente
Para benefício de quem me criou.
Rogo não me culpem! Não pude entender
Que nada é eterno nem mesmo o poder...
Diversas doutrinas fizeram a ruína
De quem enganado não soube escolher.
Já nada me importa o fim é fatal...
Os que me controlam são gênios do mal
Exigem mais vidas em contrapartida
Aos claros avanços da corrente igual.
E em meio a catástrofe meu ser agoniza
Arde a fantasia do meu carnaval
Disfarce que hoje o mundo ojeriza
E condena à morte, eu, o Capital.
Cruz das Almas, 1971