Luz equivocada

A noite chega, pintando o céu com nanquim.

Somos atraídos pela luz assim como um bando de moscas rodeando uma lâmpada.

Muitas janelas recortando a claridade, faróis amarelos, celulares iluminados.

Outdoors brilhantes, propagandas. E assim a gente esquece que a noite também chega com as estrelas; se esforçando para passar a noite em claro, já que ninguém se recorda que antes de tudo elas eram as únicas que cintilavam.

Na cidade tem também os holofotes destacando o belo, o rico, o atrativo.

Enquanto as lanternas procuram no escuro o pobre, o feio, o proibido.

Flashes cegantes são apontados no rosto do belo, realçando os diamantes

E se uma lanterna farejar o que procura, aponta-se uma arma e a bala cintila pra fechar os olhos dessa noite escura.