Da série Mãr Preta:
O CRISTO DE CADA DIA
Pelas ruas da cidade o procurei
Ao passar em frente ao bar escutei.
Ninguém sabe o que passei
A tremura que fiquei
Quando me disseram há pouco
Vi um menino estirado no chão
Foi baleado está por certo 
muito ferido ou morto então.
Isso eu entendi muito bem:
Menino negro sem orientação
Vira bandido se esconde da polícia
Chamaram o camburão.
Meu filho não era bandido
Era arrimo de família
Estudante e trabalhador.
Isso é o que toda mãe diz
Fez calar-me o doutor.
Minha dor sufocou
Ameaçando me expor.
Meu pranto secou no momento
A dor que rasga o ventre
Na hora de dar a luz.
É sem dúvida menor 
Que ver o filho  na cruz.
 
 
 
Marly Ferreira
Enviado por Marly Ferreira em 01/01/2016
Reeditado em 02/01/2016
Código do texto: T5497441
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